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terça-feira, 28 de setembro de 2010

não foram terminadas...

"... mire, veja: o mais importante e bonito do mundo é isto,
que as pessoas não estão sempre iguais,
ainda não foram terminadas,
mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam. "

( ROSA, João Guimarães. Grande Sertão Veredas)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Enfim... (6/6)

RAMON-CORTÉS, F. A ilha dos 5 faróis: um passeio pelas chaves da comunicação.  Traduzido por: Magda Lopes. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2006.

(p.105) Os sentimentos têm a capacidade de calar fundo, muito fundo. E o que sentimos muito dentro de nós não chegamos a esquecer nunca.

(p.106) a necessidade de ter uma única grande mensagem; de torná-la memorável através das histórias; de utilizar uma linguagem que se conectasse com as pessoas; de estar atento aos que as pessoas captassem, não ao que eu quisesse dizer, e de estar convencido e convidar, em vez de tentar convencer.
Tudo aquilo era importante. Mas ainda havia uma coisa igualmente importante: naquela última noite de inverno em Menorca, Cavalleria havia sido capaz de me emocionar, e aquilo, sim, me custaria esquecer.


Enfim, encerro por aqui as anotações deste livro. Àqueles que degustaram destes fragmentos de leitura, sugiro a aquisição do livro; lê-lo na íntegra envolve a mensagem em seu contexto original, o que enriquece em muito a compreensão da mesma.

Deixo-vos a mensagem de Ferran Ramon-Cortés "Este é um livro para comunicar. Para se comunicar. Diante de mil pessoas ou de apenas duas. No trabalho ou na nossa vida pessoal. As chaves são as mesmas."

a liberdade de escolha (5/6)

RAMON-CORTÉS, F. A ilha dos 5 faróis: um passeio pelas chaves da comunicação.  Traduzido por: Magda Lopes. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2006.


(p.91) Este era o último ensinamento, possivelmente o mais sutil, e ao mesmo tempo o mais importante: o farol me proporcionava a informação, mas também me dava a liberdade de tomar minhas próprias decisões.

(p.91) Os faróis, mediante sua luz, dizem quem são e onde estão. Anunciam sua presença com força, com tenacidade, com convicção, mas sem nenhum tipo de coação. Eles nos dão a liberdade de nos aproximarmos ou não, de nos dirigirmos até ele ou seguir outro rumo. Eles dizem: “Ei, sou eu e estou aqui. Se você se identificar comigo, siga a minha luz. Se não, siga o seu caminho.”

(p.91-92) Com a lição do farol no pensamento, pensei no que nos acontece quando nos comunicamos. Pensei (p.92) que escolher, tomar decisões próprias, é o que nos outorga plenitude como pessoas. Por isso, quando tentamos condicionar, coagir esta liberdade, quando a nossa determinação é convencer, não conseguimos nada de positivo.

(p.92) Comunicar como os faróis significa dar-nos a conhecer, da forma mais brilhante e mais sedutora possível, mas oferecendo liberdade absoluta para que os demais venham até nós ou sigam outro caminho. Só o nosso entusiasmo, a força da nossa luz, a magia dos nossos clarões, conseguem que nos escolham. Não posso pressioná-lo nem posso coibir sua liberdade. Porque comunicar não é arrastar nem pressionar, é convidar. A liberdade de escolher é um valor irrenunciável do qual todos nós desfrutamos.
(p.93-94) A tentação de levar os demais para o (p.94) nosso território é enorme. Insistimos, estimulamos, pressionamos, sem nos dar conta de que cada palavra excessiva nos afasta um pouco mais das pessoas.

(p.96) Mas como era difícil ser como o farol, manter-se convencido, firme, sem alterar a mensagem, com a confiança de que só assim podemos guiar os barcos na sua direção, e vendo com toda serenidade que vão para outro rumo aqueles que não escolhem o rumo que nós lhes propomos.

(p.97) Sou eu quem navega na direção do farol; sim, ele me seduz. Mas não me pressiona nem vem me buscar. Respeita a minha liberdade. Esta é a grande chave, e a última.

o que importa é o que as pessoas captam (4/6)

RAMON-CORTÉS, F. A ilha dos 5 faróis: um passeio pelas chaves da comunicação.  Traduzido por: Magda Lopes. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2006.


(p.77) Queria saber que sentido tinha aquela descoberta aplicada à comunicação, e por isso recorri à comparação de como os faróis se comunicam e como nós nos comunicamos. Os faróis falam com a luz, nós com palavras. Os faróis emitem uma mensagem determinada pela seqüência dos clarões, nós o fazemos com o tom da nossa voz. Se o farol muda sua seqüência, a mensagem que transmite é muito diferente. Se nós mudamos o temo da voz, nossas palavras também têm um sentido muito diferente.

(p.78) E, da mesma forma que os faróis não podem ver o efeito externo da seqüência de clarões que fazem co sua luz, nós também não podemos escutar de fora o efeito do nosso tom de voz. Se quisermos saber qual foi a nossa mensagem, devemos saber o que o nosso tom de voz comunicou, mas, como não podemos escutá-lo, isso nos tem de ser confirmado de fora; assim como um farol precisa que um barco passe para confirmar sua mensagem, nós precisamos que alguém nos escute e nos diga o que a nossa voz transmite. O que finalmente tivermos dito será o que as pessoas captarem, não o que tínhamos a intenção de dizer.

(p.79) Porque os que escutam falam com os olhos. Os olhos nos dizem tudo. Se temos de parar, se temos de ir mais depressa... É preciso estar sempre atento ao olhar das pessoas. É preciso saber ler os olhos.

(p.80-81) [...] são precisamente os sentimentos que determinam (p.81) o tom da nossa voz. As mesmas palavras, com um sentimento distinto, soam de forma completamente diferente. [...] “A voz é o reflexo do que você sente. Não mude a voz, mude o que você sente.”

(p.81) Como meus sentimentos afetam a minha mensagem e, por isso, como é importante conhecer sempre quais são meus sentimentos.
(p.84) O que importa é a luz que o navegante vê, não a luz que sai do farol. O que importa é o que as pessoas captam, não o que acredito estar dizendo. Só estando em contato com meus sentimentos posso saber o que estou comunicando.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

linguagem simples e eficaz (3/6)

RAMON-CORTÉS, F. A ilha dos 5 faróis: um passeio pelas chaves da comunicação.  Traduzido por: Magda Lopes. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2006.

(p.60) Sua linguagem é muito particular. É extraordinariamente fácil e tem muito sentido para os navegantes; mas, ao mesmo tempo, é ininteligível e não significa absolutamente nada para os demais. É uma linguagem de todo eficaz, mas para ser falada só entre as “pessoas do mar”.

(p.62) Da mesma forma que os faróis conseguem se comunicar com os navegantes com uma linguagem fácil, rápida e cheia de cumplicidade, nós, na nossa comunicação, podemos conquistar a cumplicidade das pessoas escolhendo uma linguagem que conecte com elas. Se não fizermos isso, nossa comunicação irá se perder, assim como a luz do farol se perde terra adentro.

(p.63) Eu sabia muito bem que a névoa é o grande inimigo meteorológico da navegação. [...] A névoa nos deixa sem referências, navegando às cegas, com um risco enorme de colisão. [...] Eu estava diante de Punta Nati e sabia que o farol estava ali, mas não o via com clareza.

(p.66) A última lição do farol de Punta Nati não me escapou: assim como a névoa impede os navegantes de captar a mensagem dos faróis, a névoa que colocamos na linguagem nos dificulta atingir os demais.

(p.67) Os faróis escolhem uma linguagem simples e eficaz para se entender à noite com os navegantes. Nós temos que escolher a linguagem pensando naqueles que estão nos escutando.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

uma mensagem que brilhe sobre as outras (2/6)

RAMON-CORTÉS, F. A ilha dos 5 faróis: um passeio pelas chaves da comunicação.  Traduzido por: Magda Lopes. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2006.
(p.42) Como o farol de Artrutx fica em um povoado, não está sozinho. Quando se olha a costa vista do mar, obrigatoriamente se vê que muitas outras luzes o cercam. Mas para desempenhar sua função, para que os barcos o identifiquem, a luz do farol deve poder ser reconhecida entre todas as outras. Tem de brilhar mais e tem de ser diferente. Tem de se destacar.
(p.43) ...a luz de Artrutx e sua mensagem brilhavam sobre todas as outras luzes. Mas como fazia isso? Em primeiro lugar, ocupando uma posição estratégica, sempre em um ponto privilegiado da costa. Em segundo lugar, emitindo uma luz de intensidade muito mais potente do que as outras. E, em terceiro lugar, tendo um a luz diferente que, portanto, se destacava.
(p.43-44) Se eu buscava a relação com a comunicação, aquilo significava que nós temos de conseguir contar as coisas de forma que brilhem mais, que se destaquem e sobressaiam do resto das mensagens que recebemos constantemente.

(p.49) Tudo isso me fez refletir sobre quantas vezes fomos capazes de “acender um farol” e quantas outras – a maioria, receio – temos nos limitado a acender pequenas luzes que, certamente, acabam se perdendo em meio ao resto das luzes que povoam a noite. E, assim como vista do mar a distância faz com que se percam as luzes em volta e se sobressaia apenas a do farol, na comunicação o tempo faz esquecer as pequenas luzes que conseguimos acender.

(p.51) [...] os faróis transmitem uma mensagem que brilha sobre as outras. Têm força e magia da sua luz para fazê-lo. Nós temos as histórias. [...] “A distância mais curta entre o homem e a verdade é um conto. E se você ainda duvida do poder das metáforas, veja a Bíblia. Há mais de dois mil anos que alguém percebeu muito claramente...

Uma grande mensagem (1/6)

RAMON-CORTÉS, F. A ilha dos 5 faróis: um passeio pelas chaves da comunicação. Traduzido por: Magda Lopes. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2006.


(p.17) Se os tivesse olhado durante a apresentação, você mesmo teria visto. Você pressionou as pessoas, em vez de deixar que fossem até você, as encurralou. Tentou desesperadamente convencê-las. Mas, apesar dos seus esforços, não os convenceu.

(p.19) Vá a Menorca e, toda noite, dedique-se a observar o que você tanto gosta: os faróis. Eles podem ensiná-lo melhor do que eu. Observe-os, sem pressa, com os olhos bem abertos.
(p.28) Não é apenas uma única mensagem que o farol de Favàritx propaga: é uma grande mensagem, uma mensagem importante: Uma única e grande mensagem absolutamente relevante.

(p. 28-29) Então me lembrei de que havia ido à apresentação do dia anterior depois de recolher muito material, com tudo muito bem preparado, com vontade de contar muitas coisas, coisas demais, mas sem ter claro – agora me dava conta – que mensagem eu queria transmitir. Como não tinha isso claro, havia terminando falando de tudo; e, sem um fio condutor, dificilmente poderia emitir uma mensagem contundente.

(p.29) Favàritx estava me revelando que toda comunicação em público, de qualquer natureza, tem de se apoiar em uma grande idéia, uma única e grande idéia que tem de ser percorrida como uma coluna vertebral, de um extremo a outro. Todos os argumentos têm que girar ao seu redor, manter sua essência.

(p.31) Favàritx continuava repetindo a mesma coisa, mas as palavras e os matizes mudavam. Eu não me cansava de escutá-lo. [...] Favàritx me havia dado muito mais do que eu poderia imaginar. Havia entendido que da mesma forma que os faróis não perdem sua magia, as grandes mensagens nunca perdem o seu valor.

(p.38) Toda comunicação necessita de uma grande mensagem. Ou, como diz a sábia inscrição de um velho mosteiro: só fale se o que tiver a dizer for melhor que o silêncio.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

num ímpeto colossal (20/20)

E, num último insight, eu ainda suspeitaria de uma boa dose de bipolaridade naquele cara que, num ímpeto colossal, saiu criando o mundo em apenas seis dias de trabalho. E depoois, num dia ruim, deprimido com o resultado, mandou o dilúvio pra acabar com tudo. Mas aí veio o Noé, provavelmente outro bipolar, com aquela ideia de criar uma arca gigane e... bem, vocês conhecem a história.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 235)

... estou muito feliz com elas (19/20)

A maior parte da vida, os medicamentos nos controlam, nos equilibram. Períodos relativamente curtos em crise se contrapõem a vários anos de vida normal, pelo menos no meu caso. O que não sei ao certo é se características próprias da minha personalidade são herdadas da bipolaridade. Se isso acontece, só posso dizer que estou muito feliz com elas. Não posso reclamar do desenvolvimento da minha vida pessoal,  familiar ou profissional.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 234)

... não posso ter medo da minha doença (18/20)

Moral da história: como bipolar, não posso ter medo de remédio; muito pelo contrário. Também não posso ter medo da minha doença, pois, quando medicado, não sinto qualquer distúrbio além dessa ânsia desgraçada para criar coisas - qualquer coisa que ainda não exista.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 215)

não posso negligenciar o sono (17/20)

... minha vida mudou completamente com a introdução do lítio na minha dieta. [...] Uma vez ou outra negligenciei o tratamento e puff: : a crise veio certeira. Foi um longo aprendizado até adquirir a disciplina necessária [...] mas a resistencia não é incomum para quem tem alguns preconceitos contra remédios em geral... E também não posso negligenciar o sono.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 214)

...já conhecíamos todos os sintomas (16/20)

... mas quando chegava a madrugada, os caras me acordavam de quatro em  quatro horas, e a minha bipolaridade começou a dar sinais de vida. Eu ficava irritado e não dormia. Tanto eu como a minha mulher já conhecíamos todos os sintomas. [...] foi chamado, aumentou um pouco a tarja preta e pronto, voltei a dormir e a passar bem de noite e de dia.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 210)

é a inquietação (15/20)

Uma das caracteristicas da mente bipolar é a inquietação. A criatividade é ululante, mas nem sempre factível. Tem muito de ilusório na minha cabeça. [...] Analisando com calma, cheguei à conclusão de que  ora estava adiante do meu tempo, ora não encontrava colaboração necessária, ora estava iludido pela minha autoavaliação de genialidade. Mesmo assim, conseguia entusiasmar alguns amigos.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 203)

a agitação mental... ser incessantes (14/20)

Diga-se de passagem, a bipolaridade é uma doença que ainda não tem cura. Mas a gente não passa a vida doente. A medicação nos controla. E, se uma determinada crise dura 15 dias, um período sem transtornos pode durar anos, embora a agitação mental e a busca pela criatividade possam ser incessantes.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 199)

eu achava que era comigo... (13/20)

Só me lembro que eu tinha alltíssimos níveis de referência - tudo que conversavam perto de mim, no restaurante, na praia, no ônibus, em qualquer lugar, eu achava que era comigo ou a meu respeito. E de que eu me recusava a tomar os remédios, chegava até mesmo a empilhar móveis por trás da porta do quarto. Quando as enfermeiras finalmente conseguiam chegar, eu colocava os comprimidos na boca e depois cuspia.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 195)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Coisas de um bipolar? (12/20)

[...] o projeto da minha vida, uma mistura de criatividade, ilusionismo, oportunidade, coragem, fantasia, capacidade de convencimento e realização, imprevidência, decepção. Coisas de um bipolar? Sei lá.  Eu tomava lítio regularmente e ninguém notou qualquer distúrbio na época. Julgue você mesmo.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 127)

um viva para as diferenças (11/20)

Vai fazer o quê? Tem que trabalhar, não tem? Tem que viver, não tem? Então, bipolar ou não, um viva para as diferenças!

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 81)

eu me achava o máximo... (10/20)

Quando estava deprimido, eu me deixava levar; quando estava eufórico, eu me achava o máximo. Acho que é por isso que alguns bipolares não querem se tratar. O estado de euforia é magnífico. Eu era tomado de um ilusionismo fantástico, julgava que o mundo estava à disposição do meu talento para construir uma coisa espetacular atrás da outra.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 69)

bipolar é ansioso por natureza (9/20)

Outra coisa interessante que o Dr. Ulisses observou foi o seguinte.
[...] a gente precisa saber se você está doente por causa de tudo isso, ou se você está se lembrando de tudo isso porque está doente.
[...]
Quem dera esse remedinho pudesse fazer efeito para todos que costumam perder seu autocontrole. Ele não me coloca grogue, nem abobalhado. e também não elimina as emoções. O que ele dá é equilíbrio. Equilíbrio para ver as coisas com um pouco mais de clareza, escolher as opções aparentemente mais adequadas, controlar as palavras e as atitudes mais ríspidas. As pessoas me acham calmo. Pura aparência. O bipolar é ansioso por natureza.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 64)

litio todo dia e dormir... (8/20)

No meu caso é simples: basta tomar o lítio todos os dias e dormir pelo menos sete horas por noite.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 63)

me colocavam grogue (7/20)

Um belo dia - belo coisa nenhuma, feio pra caramba - eu acordei tão deprimido que desci encostado nos fundos do elevador do prédio onde morava, me contorcendo a cada pesoa que entrava, querendo diminuir de tamanho, completamente apavorado. [...] Quarenta e cinco dias à base de um coquetel de remédios e sonoterapia! [...] Ora os remédios se mostravam demais, me colocavam completamente grogue, falando com a língua presa, ora se mostravam insuficientes, sobrevindo novas crises.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 61-62)

... criatividade à flor da pele (6/20)

... tem pavor da minha doença, pois já me viu várias vezes sem falar coisa com coisa, em grande euforia. Eu achava aquele estado ótimo, com a criatividade à flor da pele e uma sensação de que o mundo é feito de estrelas. Mas, a bem da verdade, jamais criei qualquer coisa nesse estado que fizesse sentido depois de umas boas doses de Haldol. Por outro lado, a depressão é brava.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 60)

...poder de carbonato de lítio... (5/20)

Mal sabia ele que eu era controlado sim, só que a poder de carbonato de lítio. Eu sou psicótico maníaco-depressivo ou, para usar um termo politicamente correto, mais moderno, bipolar. Bipolar é aquele sujeito que tem alterações de humor: uma hora está extremamente deprimido, pode até tentar o suicídio, outra hora fica tão alegre e excitado que perde a noção da realidade. É uma sensação ótima, de extrema criatividade, mas absolutamente inconsequente.

(DINIZ, Marcelo C. P. Crônicas de um bipolar. Rio de Janeiro; Record, 2010, p. 59-60)