_ Eu procuro vender coragem para os inseguros, ousadia para os fóbicos, alegria para os que perderam o encanto pela vida, sensatez para os incautos, críticas para os pensadores.
Júlio César, num rompante de orgulho, lembrando-se do tempo em que se sentia um deus por ter vasta cultura acadêmica, disse consigo: “Não é possível! Estou tendo um pesadelo. Acho que já morri e não percebi. Num momento eu queria tirar minha vida porque estava preso no novelo dos meus conflitos. Noutro, estou perturbado ainda porque estou diante de alguém que me resgatou e diz que vende o que é invendável. Vendo o que todos procuram mas não existe nos mercados”. E, para sua surpresa, o estranho completou:
_ E, para os que pensam em pôr um ponto final na vida, procuro vender uma vírgula, apenas uma vírgula.
_ Uma vírgula? – perguntou, confuso, o sociólogo (p.42).
_ Sim, uma vírgula. Uma pequena vírgula, para que eles continuem a escrever sua história.
Julio César começou a transpirar. De repente, sob um estado de iluminação interior, caiu em si. O irreverente homem acabara de vender para ele uma vírgula, e ele a comprara sem perceber. Não houve preço, não houve pressão, ano houve chantagem, não houve apelos. Ele a comprara para retornar às raízes da essência humana (p.43).
CURY, Augusto. O vendedor de sonhos. São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008.
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