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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

... eu tinha apenas seis anos

- Meu pai brincava comigo, me beijava e me chamava de “meu filho querido”. [...]
- Mas ele me abandonou quando eu era criança, sem me dar explicação. – Fazendo uma pausa, acrescentou: - Eu assistia a um desenho animado, na sala, quando ouvi o forte estalido que vinha de seu quarto. Quando cheguei para saber o que havia (p.34) ocorrido, vi que ele estava sangrando, caído no chão. Eu tinha apenas seis anos. E gritava sem parar, pedindo ajuda. Minha mãe não estava em casa. Corri até os vizinhos, mas meu desespero era tão grande que, por alguns momentos, ninguém me entendeu minha crise. Mal começava a vida e perdia minha infância, minha inocência. Meu mundo desabou. Passei a detestar desenhos animados. Não tive outros irmãos. Minha mãe, viúva e pobre, tinha de trabalhar fora: lutou como uma valente para me sustentar, mas contraiu um câncer e morreu quando eu tinha doze anos. Fui criado por tios. Passava de casa em casa, sentia-me um estranho em lares que nunca foram meus. Fui um adolescente irritadiço, pouco afeito às festas de família. Pudera: não poucas vezes, fui tratado como um empregado e tinha de me calar (p.35).


CURY, Augusto. O vendedor de sonhos. São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008.

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