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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Quero saber qual é sua essência

_ Não perguntei sua profissão, seu status social, suas atividades. Quero saber qual é sua essência (p.49).

_ Os profissionais de saúde mental são poetas da existência, têm uma missão esplêndida, mas jamais podem colocar um paciente dentro de um texto teórico, e sim um texto dentro do paciente. Não enquadre excessivamente seus pacientes dentro dos muros de uma teoria, caso contrário reduzirá suas dimensões. Cada doença pertence a um doente. Cada doente tem uma mente. Cada mente é um universo infinito.
Entendi o recado que passara para o psiquiatra, pois senti na própria pele o que queria dizer. Quando o psiquiatra me abordou, usou técnicas e interpretações. Eu as rechacei imediatamente. Tratou do ato suicida, mas não do ser humano dilacerado que estava em mim. Sua teoria poderia ser útil em situações previsíveis, em especial quando o paciente procura ajuda espontânea, mas não em situações em que é resistente ou perdeu a esperança. Eu estava resistente, precisava primeiro do ser humano psiquiatra e depois do profissional psiquiatra. Como ele me abordara diretamente, eu o senti como invasor, me recolhi dentro de mim, entrei num cofre.
O Vendedor de Sonhos fez o caminho inverso (p.51).

CURY, Augusto. O vendedor de sonhos. São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008.

talvez minha vida tenha mais sentido do que teve até aqui

“Tentei viver sob o teto do júbilo e dos alicerces da segurança, mas  me afundei. Tentei estimular meus alunos a pensar, mas formei muitos repetidores de informações. Tentei contribuir para a sociedade, mas era uma ilha de soberba. Se conseguir vender um pouco de sonhos para algumas pessoas, tal qual esse misterioso homem me vendeu, talvez minha vida tenha mais sentido do que teve até aqui” (p.45).

CURY, Augusto. O vendedor de sonhos. São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008.

eu queria tirar minha vida porque estava preso no novelo dos meus conflitos


­ _ Eu procuro vender coragem para os inseguros, ousadia para os fóbicos, alegria para os que perderam o encanto pela vida, sensatez para os incautos, críticas para os pensadores.
Júlio César, num rompante de orgulho, lembrando-se do tempo em que se sentia um deus por ter vasta cultura acadêmica, disse consigo: “Não é possível! Estou tendo um pesadelo. Acho que já morri e não percebi. Num momento eu queria tirar minha vida porque estava preso no novelo dos meus conflitos. Noutro, estou perturbado ainda porque estou diante de alguém que me resgatou e diz que vende o que é invendável. Vendo o que todos procuram mas não existe nos mercados”. E, para sua surpresa, o estranho completou:
_ E, para os que pensam em pôr um ponto final na vida, procuro vender uma vírgula, apenas uma vírgula.
_ Uma vírgula? – perguntou, confuso, o sociólogo (p.42).
_ Sim, uma vírgula. Uma pequena vírgula, para que eles continuem a escrever sua história.
Julio César começou a transpirar. De repente, sob um estado de iluminação interior, caiu em si. O irreverente homem acabara de vender para ele uma vírgula, e ele a comprara sem perceber. Não houve preço, não houve pressão, ano houve chantagem, não houve apelos. Ele a comprara para retornar às raízes da essência humana (p.43).

CURY, Augusto. O vendedor de sonhos. São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008.

um dia tombarei no silencio de um tumulo

_ Quando considero a brevidade da existência dentro do pequeno parêntese do tempo e reflito sobre tudo o que está além de mim e depois de mim, enxergo minha pequenez. Quando considero que um dia tombarei no silêncio de um túmulo, tragado pela vastidão da existência, compreendo minhas extensas limitações e, ao deparar com elas, deixo de ser deus e liberto-me para ser apenas um andante nas trajetórias que desconheço... (p.38).

CURY, Augusto. O vendedor de sonhos. São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008.

crendo que ele estava preso em sua gaiola emocional

_ João Marcos, meu filho, caiu no mundo das drogas. Agressivo, sempre me acusou de nunca ter brincado ou ter sido amável, companheiro e amigo. Foi várias vezes internado. Hoje mora em outro estado e se recusa a falar comigo. Resumindo, desde os seis anos coleciono incontáveis abandonos. Alguns por culpa dos outros, outros por culpa minha – disse com sinceridade, começando a aprender a retirar seus disfarces.
Assim que terminou, um filme passou rapidamente pela sua mente. Recordou as últimas imagens do pai, imagens que estavam bloqueadas. Recordou também que o chamara dia e noite por longas semanas após a sua perda. Cresceu com raiva do pai, crendo que ele estava preso em sua gaiola emocional, alienado das dores que ele, Julio, sentiria no futuro.
Agora estava repetindo a mesma trajetória. O passado calava mais forte do que sua notável carreira acadêmica. Sua cultura não o tornara flexível nem o relaxara.  Era um homem engessado, impulsivo, tenso. Nunca se desarmou diante de seus psiquiatras e psicólogos. Não rara vezes os criticava frontalmente por considerar as interpretações deles infantis para alguém do seu nível intelectual. Convencê-lo era uma tarefa dantesca (p.36).

CURY, Augusto. O vendedor de sonhos. São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008.

Para não se destruir, compensara seus conflitos no estudo


Julio César havia desenvolvido uma personalidade agressiva. Era pouco sociável, tímido e intolerante. Sentia-se feio e mal-amado. Para não se destruir, compensara seus conflitos no estudo. Com dificuldades, entrou para a universidade e tornou-se um aluno brilhante. Trabalhava durante o dia, ia para a faculdade à noite, estudava nas madrugadas e nos finais de semana. E, externando uma raia jamais superada, adicionou:
- Mas ultrapassei todos aqueles que zombaram de mim. Tronei-me mais culto e bem sucedido que eles. Fui um universitário exemplar e tornei-me um professor respeitadíssimo. Fui invejado por uns e odiado por outros. Muitos me admiravam. Casei-me e tive um filho, João Marcos. Mas acho que não fui nem bom amante nem bom pai. O tempo passou e, há um ano, me apaixonei por uma aluna quinze anos mais  nova. Fiquei desesperado. Tentei seduzi-la, comprá-la, contraí dívidas. Acabei com meu crédito, perdi minha segurança... e, por fim, ela me abandonou. Meu chão se abriu. Minha esposa descobriu meu caso e me abandonou também. Quando ela se foi, percebi que ainda a (p.35) amava; não podia perdê-la! Tentei reconquistá-la, mas ela estava cansada do intelectual que nunca fora afetivo, que era pessimista, deprimido e ainda por cima estava falido. Deixou-me (p.36).


CURY, Augusto. O vendedor de sonhos. São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008.

... eu tinha apenas seis anos

- Meu pai brincava comigo, me beijava e me chamava de “meu filho querido”. [...]
- Mas ele me abandonou quando eu era criança, sem me dar explicação. – Fazendo uma pausa, acrescentou: - Eu assistia a um desenho animado, na sala, quando ouvi o forte estalido que vinha de seu quarto. Quando cheguei para saber o que havia (p.34) ocorrido, vi que ele estava sangrando, caído no chão. Eu tinha apenas seis anos. E gritava sem parar, pedindo ajuda. Minha mãe não estava em casa. Corri até os vizinhos, mas meu desespero era tão grande que, por alguns momentos, ninguém me entendeu minha crise. Mal começava a vida e perdia minha infância, minha inocência. Meu mundo desabou. Passei a detestar desenhos animados. Não tive outros irmãos. Minha mãe, viúva e pobre, tinha de trabalhar fora: lutou como uma valente para me sustentar, mas contraiu um câncer e morreu quando eu tinha doze anos. Fui criado por tios. Passava de casa em casa, sentia-me um estranho em lares que nunca foram meus. Fui um adolescente irritadiço, pouco afeito às festas de família. Pudera: não poucas vezes, fui tratado como um empregado e tinha de me calar (p.35).


CURY, Augusto. O vendedor de sonhos. São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2008.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Enfim... (6/6)

RAMON-CORTÉS, F. A ilha dos 5 faróis: um passeio pelas chaves da comunicação.  Traduzido por: Magda Lopes. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2006.

(p.105) Os sentimentos têm a capacidade de calar fundo, muito fundo. E o que sentimos muito dentro de nós não chegamos a esquecer nunca.

(p.106) a necessidade de ter uma única grande mensagem; de torná-la memorável através das histórias; de utilizar uma linguagem que se conectasse com as pessoas; de estar atento aos que as pessoas captassem, não ao que eu quisesse dizer, e de estar convencido e convidar, em vez de tentar convencer.
Tudo aquilo era importante. Mas ainda havia uma coisa igualmente importante: naquela última noite de inverno em Menorca, Cavalleria havia sido capaz de me emocionar, e aquilo, sim, me custaria esquecer.


Enfim, encerro por aqui as anotações deste livro. Àqueles que degustaram destes fragmentos de leitura, sugiro a aquisição do livro; lê-lo na íntegra envolve a mensagem em seu contexto original, o que enriquece em muito a compreensão da mesma.

Deixo-vos a mensagem de Ferran Ramon-Cortés "Este é um livro para comunicar. Para se comunicar. Diante de mil pessoas ou de apenas duas. No trabalho ou na nossa vida pessoal. As chaves são as mesmas."

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

linguagem simples e eficaz (3/6)

RAMON-CORTÉS, F. A ilha dos 5 faróis: um passeio pelas chaves da comunicação.  Traduzido por: Magda Lopes. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2006.

(p.60) Sua linguagem é muito particular. É extraordinariamente fácil e tem muito sentido para os navegantes; mas, ao mesmo tempo, é ininteligível e não significa absolutamente nada para os demais. É uma linguagem de todo eficaz, mas para ser falada só entre as “pessoas do mar”.

(p.62) Da mesma forma que os faróis conseguem se comunicar com os navegantes com uma linguagem fácil, rápida e cheia de cumplicidade, nós, na nossa comunicação, podemos conquistar a cumplicidade das pessoas escolhendo uma linguagem que conecte com elas. Se não fizermos isso, nossa comunicação irá se perder, assim como a luz do farol se perde terra adentro.

(p.63) Eu sabia muito bem que a névoa é o grande inimigo meteorológico da navegação. [...] A névoa nos deixa sem referências, navegando às cegas, com um risco enorme de colisão. [...] Eu estava diante de Punta Nati e sabia que o farol estava ali, mas não o via com clareza.

(p.66) A última lição do farol de Punta Nati não me escapou: assim como a névoa impede os navegantes de captar a mensagem dos faróis, a névoa que colocamos na linguagem nos dificulta atingir os demais.

(p.67) Os faróis escolhem uma linguagem simples e eficaz para se entender à noite com os navegantes. Nós temos que escolher a linguagem pensando naqueles que estão nos escutando.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A memória

"... A memória retornando, as imagens e as idéias reaparecem, envolvem a imagem por seu cortejo, entram em conflito com ela, lhe impõem sua ascendência, tiram-na de sua vida solitária, reconduzem-na à vida social, lançam-na em sua dependência habitual."
 (TAINE in: SARTRE, Jean-Paul. O existencialisamo é um humanismo; a imaginação; questão de método. PESSANHA, J.A.M. (org.). 3 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p.78)